Mar de Amigos - Uninaútica

JOÃO ROBERTO – CONSULTOR TÉCNICO DE VENDAS 
Bem vindos ao mar de amigos, mar de amigos, sempre com temas novos, sempre com novas entrevistas, com novas matérias. É que mais uma vez temos o grande prazer de estar tendo alguns minutos aqui do nosso querido mestre professor Paulo Gomes Varella. Então explorar um pouco mais, porque temos sempre dúvidas e os seus temas eu acho que são muito bem vindos.

Então hoje gostaria de explorar um pouco aqui, porque nós temos algo que eu acho que é muito importante para nós no nosso dia a dia, mas conhecemos muito pouco. Geralmente escuta nos clubes, nas marinas, nos bate papos que estão de maré. A maré não escapa. Peixe isso aí a gente, geralmente o pessoal começa, começa a ironizar mais a maré independente para Peixe, qual é a importância da maré para o nosso planeta, para a nossa vida, para o nosso dia a dia?

PAULO GOMES VARELLA – ASTRÔNOMO
É um tema bastante interessante mesmo. Acho que até valeria a pena a gente falar um pouquinho a respeito dessa questão dos astros que estão à nossa volta. A gente vai ver que tem dois astros muito importantes para a geração desse ciclo das marés. Em todas as partes do globo terrestre. Vê a maré de um modo geral, uma percepção que nós temos do aumento e da diminuição do nível do mar numa região por exemplo, costeira, em que você vê a água ingressando no ambiente da praia, eventualmente recuando.

E esse processo acontece duas vezes por dia, duas vezes a maré sobe, duas vezes a maré desce. Então esse fenômeno está bastante ligado à presença de dois astros importantíssimos que estão aqui à nossa volta Sol e Lua. Mais especificamente, as marés de maior intensidade são produzidas pela Lua. O Sol, apesar de ser um astro importante, as marés que são produzidas por ele não são tão intensas quanto as lunares.

E também se a gente viajar para outras regiões do mundo, nós vamos perceber que o nível das marés varia de um lugar para o outro, porque depende também das posições desses dois astros no firmamento. Na hora em que você está observando, então, historicamente, a importância foi muito grande para o nosso planeta, principalmente em algum tempo depois do surgimento da vida sobre a face da Terra.

A vida, de acordo com o que a gente acredita hoje em dia, surgiu nos oceanos e depois de ter surgido lá e se desenvolveu tudo, ela saiu dos oceanos e veio para a terra. Foi exatamente o processo de marés existente no planeta que propiciou isso à medida que a água ingressa continente adentro. Com ela vinham muitas formas de vida.

Quando a maré recuava, essas formas eram abandonadas lá e tiveram que se adaptar a esse novo ambiente. Daí para passar para o continente, foi um passo. Então, se nós não tivéssemos, por exemplo, a Lua aqui no nosso entorno, com um ciclo de marés muito pequenininho, talvez demorasse muito tempo para sair do oceano e ocupar a área continental. Para o navegador, ela é fundamental.

A gente tem que aproveitar alguns momentos, por exemplo, de maré alta. Quando saímos da nossa Marina para ingressar numa viagem oceânica, temos que ter o cuidado de observar isso ao longo do dia, os momentos em que ocorrem os valores máximos da maré e os valores mínimos para que a gente possa realizar o nosso deslocamento com mais segurança e realmente realizar um passeio melhor.

JOÃO ROBERTO – CONSULTOR TÉCNICO DE VENDAS 
E é dentro dessa dessas amplitudes que nós temos que ir essas amplitudes. Então nós temos variações que devem ser diferentes em várias locais do globo. Isso representa alguma alteração para o clima?

PAULO GOMES VARELLA – ASTRÔNOMO
Na verdade, não para o clima especificamente. Ainda existem alguns estudos, sendo feitos com relação a isso, mas não temos ainda uma confirmação que o ciclo das marés em si interfiram diretamente nele. No clima. Nós temos, por exemplo, aqui na costa brasileira. Se sairmos desde da área do Rio Grande do Sul, irmos até o norte do Pará, nós vamos ver que as marés têm amplitudes muito distintas mesmo.

Isso tem a ver com a posição de sol, a lua no céu em relação ao lugar onde você está e muito frequentemente a gente ouve também falar a respeito do nível médio dos mares, que na meteorologia, quando a gente avalia as altitudes dentro da atmosfera, sempre é referido a esse nível médio dos mares. A palavra médio já indica que nós vamos ter variações ao longo do tempo e a gente precisa estabelecer uma média desse nível para caracterizar a estrutura, por exemplo, da atmosfera da Terra.

Então, que os oceanógrafos, também ajudados por geofísica e por astrônomos, fizeram ao longo do mundo inteiro, determinaram o ciclo de marés em todos os lugares da Terra, entre a maior e a menor maré ao longo do ano inteiro e em todas as localidades. Dá para imaginar que foi um trabalho de louco, uma coisa que demorou muito tempo. Depois fizemos uma média global de todos esses valores para estabelecer o que seria o nível médio do mar.

Então, se você for ao litoral, você não vai encontrar a plaquinha lá aqui e o nível médio dos mares não vai encontrar isso. Mas através de sites você pode até saber onde é que esse nível médio dos mares se encontra num determinado momento. Então, o que nós estamos tentando fazer hoje é exatamente isso analisar além desse ciclo das marés, o que produz naquele ambiente costeiro, que a gente sabe que é um ciclo muito importante para todas as formas de vida, mas também estabelecer se há uma relação entre essas variações e também as variações climáticas.

Por enquanto, ainda não temos nada estabelecido com certeza sobre isso.

JOÃO ROBERTO – CONSULTOR TÉCNICO DE VENDAS 
A pressão atmosférica ela não está ligada à maré?

PAULO GOMES VARELLA – ASTRÔNOMO
Não, não está ligada à variação das marés. A pressão atmosférica está mais ligada ao aquecimento da superfície da Terra. Ela é basicamente ela se estabelecem em maior quantidade sobre os continentes porque sobre os continentes, a absorção de calor pela parte sólida da Terra é muito mais intensa do que sobre o oceano. Você não tem uma tendência a se aquecer muito lentamente.

Também perde o calor muito lentamente, até para o seu público compreender essa situação. Todo mundo já foi à praia, ficou lá deitado na areia ao longo de um dia de sol, você põe a mão na areia e por volta das 11h00 a areia está fervendo. Você pensa bom, eu vou dar um mergulho, vou entrar lá no oceano, você entra na água.

Sua sensação é que a água gelada e os dois, tanto a praia, o lugar da areia como a água do oceano receberam a mesma quantidade de radiação do sol ao longo daquele dia. O processo de aquecimento de uma substância e de outra que foi diferente e lá no final do dia, às 17h00, é mais ou menos você põe a mão na areia.

Ela está fria, entra no mar, parece que a água está morna. Então a terra onde está a areia da praia? Ela se aquece rapidamente ao longo do dia, se resfria rapidamente ao longo da noite. O oceano não se aquece devagar e vai perder o calor devagar. Sob esse ponto de vista, ele é um regulador do clima e nas áreas onde temos aquecimento muito intenso, o calor da Terra passa pela atmosfera e a atmosfera se expande em todas as direções, inclusive para cima, quando a temperatura está muito alta.

Isso acontece geralmente por volta de duas horas, 15h00 em todos os dias, salvo situações meteorológicas peculiares em torno das 14h00. A atmosfera está num processo de ascensão e isso faz com que a pressão aqui embaixo seja aliviada. Então há uma queda de pressão no momento de maior temperatura do dia. Aí o navegador deve se preocupar porque nas zonas de baixa pressão, quando a atmosfera tem movimento vertical para cima, um movimento vertical nesse sentido, levando a umidade.

É a partir dali que as nuvens vão começar a se formar intensamente, particularmente a nuvem de tempestade, que é o cumulonimbus.

E podemos dizer que isso, somado a grandes amplitudes de maré, tanto na preamar como na baixa mar, nós temos variações das ondas, sim, que são aqueles momentos que o navegador tem que se preocupar, se preocupar. Então eu seria a somatória das amplitudes da maré.

Mais essa questão que nós estamos falando agora, que é realmente para as pessoas começarem a centenária em relação a essas mudanças no entorno, muito importante.

JOÃO ROBERTO – CONSULTOR TÉCNICO DE VENDAS 
Isso é muito importante. Então, fantástico professor, mais uma vez nos dando aí uma palha do seu conhecimento e quero agradecer a todos que temos assistido até aqui. Compartilhem esse vídeo, dê aqui o seu like. Navegar é saudável. Navegar é preciso.

Muito obrigado!